Moradores do Rudge Ramos reclamam da qualidade da água
- Luiza Lemos
- 2 de mai. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de mai. de 2019
Casos de águas turvas e parecidas com lodo incomodam a população do bairro de São Bernardo do Campo
Água turva, de cor escura e com mal cheiro, esta é a realidade de moradores do bairro Rudge Ramos, um dos locais mais afetados de São Bernardo. A real causa da impureza da água ainda está sendo discutida, por mais que a Sabesp já tenha se pronunciado. As principais preocupações dos moradores são em relação às consequências de consumir o líquido contaminada e sobre a isenção de pagamento das contas de água nos bairros prejudicados.

Em nota, a Sabesp afirma que devido às últimas chuvas intensas e recorrentes, ocorridas nos meses de março e abril, e que também provocaram inundações nos municípios do ABC, houve o extravasamento da represa do Rio Grande para a represa Billings, isto provocou uma alteração brusca e substancial na característica da água do manancial utilizado para tratamento. A concentração de partículas de ferro, manganês e o nível de cor da água bruta atingiram valores inéditos na história do manancial, segundo a estatal.
O engenheiro ambiental Nani Cavalcante entende que há falhas na explicação da Sabesp sobre os problemas no manancial. “Os mananciais já têm problemas e é por isso que as estações de tratamento de água existem”. Ele também afirma que se o problema é no manancial, “a água está saindo assim do tratamento, o que parece improvável, pois assim a água boa do reservatório estaria se misturando com a água suja que sai das estações”.
A moradora Patrícia Pereira também reclama da qualidade da água escura,além disso, a sobrinha que mora no bairro de Nova Petrópolis adoeceu. Segundo ela, a menina de dois anos “começou a vomitar e a ter diarreia, se ela morasse aqui no Rudge seria pior”. Na residência de Patrícia, a água da casa é fechada às dez da noite e somente volta no outro dia às duas da tarde.
Apesar de não haver confirmação de que a água possa estar adoecendo as pessoas, a coordenadora da UPA Márcia Ribeiro estranha que a maioria dos munícipes que entram na unidade de pronto atendimento estão sofrendo com coceiras e viroses constantes. Ela afirma que “todos os munícipes estão com o mesmo problema”.
Para Rosângela Soares "é desesperadora a situação da água no bairro, ela vê que a água realmente está preocupante “eu tomo um banho, o corpo coça, lavo uma roupa e ela sai encardida, não faço comida com água filtrada normalmente, então essa água suja está em tudo”
A água que a Sabesp está distribuindo também está gerando problemas no condomínio em que Victor Benincasa é síndico. Ele alega que a água que chega nos filtros do prédio “é parecida com um lodo, uma água muito mal cheirosa”. Ele também ouviu reclamações de vizinhos que passaram mal após ingerir a água. "Uma vizinha disse que está vomitando e foi diagnosticada com infecção no estômago, muitos outros moradores falaram que têm os mesmos sintomas”.
Cavalcante lembra que ferro e manganês mudam a cor da água, mas a mesma está turva, o que mostra que “pode haver partículas sólidas que possivelmente abrigam microrganismos”. Para ele, “o importante é a água estar dentro do padrão de potabilidade imposto pelo Ministério de Saúde, se não estiver, não deve ser consumida”.
Na mesma nota, a Sabesp declarou que não será cobrado dos clientes afetados a água consumida entre os dias 17 de abril e 25 de abril nas cidades abastecidas pelo sistema. Os moradores afetados de São Bernardo do Campo e Diadema devem solicitar o benefício à Sabesp, através do telefone 0800 0119911. A Sabesp vai avaliar cada caso e poderá conceder a isenção nas contas emitidas entre 25/04 e 24/05.
Reportagem originalmente publicada no Rudge Ramos Online:
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